Segundo uma definição amplamente aceita, cultura refere-se aos padrões de orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos.
Uma outra definição de cultura foi apresentada pelo antropólogo americano Jean Herskovits, como “a parte do meio ambiente feita pelo homem”.
Já o renomado antropólogo holandês Greert Hofsted vê a cultura como uma “programação mental coletiva” das pessoas. O “software da mente”, ou nosso modo de pensar e raciocinar, diferencia-nos dos demais grupos.
Tão importante quanto definir o que é cultura consiste em definir o que ela não é.
- A cultura não é certa nem errada. É relativa. Não existe uma cultura absoluta. As pessoas de diferentes nacionalidades simplesmente percebem o mundo de diferentes maneiras. Cada cultura apresenta suas próprias noções do que é um comportamento aceitável ou inaceitável.
- Não se refere ao comportamento individual. A cultura refere-se aos grupos. Trata-se de um fenômeno coletivo, de valores e significados compartilhados. Na maioria dos países, por exemplo, os homens usam cabelos curtos. No entanto, alguns com estilo próprio têm cabelos compridos e se destacam da multidão.
- Não é inata. A cultura resulta do ambiente social. As pessoas não nascem com um conjunto de valores e atitudes compartilhados. Aos poucos, as crianças adquirem modos específicos de pensar e comportar-se, à medida que crescem em sociedade.
Esse processo de aprendizagem de regras e padrões comportamentais adequados a uma sociedade é chamado de socialização. A socialização é a aprendizagem cultural. Por meio dela, adquirimos compreensões e orientações culturais que são compartilhadas pela sociedade.
As principais dimensões culturais:
As dimensões culturais podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos: as subjetivas e as objetivas. A subjetiva inclui valores e atitudes, modos e costumes, percepções temporais, espaciais e religião. A dimensão objetiva de cultura inclui produções simbólicas e materiais, tais como ferramentas, estradas e arquitetura singulares de uma sociedade.
Valores e atitudes:
Os valores constituem o julgamento de uma pessoa sobre o bem e o mal, o aceitável e o inaceitável, o que é normal ou anormal. As atitudes assemelham-se às opiniões. Os preconceitos constituem atitudes profundamente arraigadas, de modo geral desfavoráveis e dirigidas a um grupo em particular.
Modos e costumes:
Representam como nos comportamos e nos conduzimos em público. Alguns países caracterizam-se por culturas igualitárias e informais, onde as pessoas têm direitos iguais e trabalham em cooperação. Em outros, elas são mais formais e valorizam status, hierarquia, poder e respeito.
Os costumes que mais variam ao redor do mundo são aqueles relacionados a hábitos alimentares, horário de trabalho e feriados, bebidas e brindes, formas de presentear e o papel da mulher.
O aperto de mãos, por exemplo, varia por toda a parte: suave, forte, segurando o cotovelo ou nenhum. No Sudeste Asiático, o aperto de mãos equivale a unir as palmas das mãos diante do peito, como em uma oração. No Japão, a referência é regra.
Percepções temporais:
Certas sociedades são mais orientadas ao passado, outras, ao presente, e ainda outras, ao futuro.
As pessoas em culturas orientadas ao passado acreditam que os planos devem ser avaliados em relação a tradições, costumes e sabedoria estabelecidos. A mudança e a inovação são pouco frequentes. Os europeus são relativamente orientados ao passado.
Por outro lado, países jovens, como Austrália, Canadá e Estados Unidos são mais focados no presente. Seus habitantes têm uma orientação monocrômica em relação ao tempo, em que o indivíduo se concentra em cronogramas, pontualidade e o tempo como recurso.
As empresas chinesas e japonesas são mais orientadas ao futuro, concentrando-se no desempenho não do próximo trimestre, mas dos próximos dez anos. As grandes corporações japonesas oferecem emprego vitalício e investem muito em treinamento dos funcionários, na expectativa de retê-lo por 30 ou 40 anos.
Percepções espaciais:
O distanciamento entre as pessoas em uma conversa é mais próximo na América Latina do que ao norte da Europa ou nos Estados Unidos. Aqueles que vivem em países densamente povoados, como Japão ou Bélgica, possuem menos exigência de espaço pessoal.
Religião:
A religião é um sistema de crenças ou atitudes comuns em relação ao ser ou uma linha de pensamento que as pessoas consideram sagrada, divina ou a verdade suprema. Ela também incorpora códigos morais, valores, instituições, tradições e rituais associados a esse sistema.
Produções simbólicas:
Os símbolos nacionais incluem bandeiras, hinos, selos, monumentos e mitos históricos, que representam as nações e os valores nacionais e contribuem para unir as pessoas.
Por exemplo, a cruz é o principal símbolo do Cristianismo. A estrela vermelha, da antiga União Soviética.
Linguagens:
Atualmente, o mundo possui quase 7000 línguas ativas, incluindo mais de 2000 tanto na África quanto na Ásia, embora a maioria delas com apenas alguns seguidores.
A linguagem possui característica verbais e não verbais. A maior parte delas é não falada e abrange as expressões faciais e gestos. Na verdade, a maioria das mensagens verbais é acompanhada por não verbais.
Os efeitos da globalização sobre a cultura
Existe pouco consenso quanto aos efeitos da globalização sobre a cultura. Se, por um lado, muitos acreditam que a globalização é uma força destrutiva, por outro lado, há os que a consideram positiva.
Os críticos alegam que a globalização é danosa às culturas locais, sendo responsável por uma substituição por uma cultura homogeneizada, com frequência, norte-americana.
Outros argumentam que a intensificação da comunicação global é benéfica porque permite o fluxo de ideias, crenças e valores culturais.
Devido à homogeneização da cultura mundial, grande parte do mundo consome os mesmos Big Mac’s e Coca-Colas, assiste aos mesmos filmes, ouve a mesma música, dirige os mesmos carros e hospeda-se nos mesmos hotéis. A boneca Barbie, por exemplo, tornou-se um fenômeno global, embora os valores que esse ícone representa nem sempre estejam em conformidade com os de culturas mais conservadoras.
O hambúrguer do McDonald’s se popularizou no Japão, a comida vietnamita difundiu-se nos Estados Unidos e o sushi japonês, na Europa.
Interpretações culturais:
Metáforas culturais: referem-se a uma tradição ou instituição característica, fortemente associada a uma sociedade em particular. Uma metáfora cultural serve de guia para decifrar as atitudes, valores e o comportamento de uma pessoa.
O futebol americano, por exemplo, é uma metáfora cultural para as tradições distintivas dos Estados Unidos.
Outros exemplos:
O jardim japonês: tranquilidade
A cafeteria turca: interação social
O kibutz israelita: comunidade
A tourada espanhola: ritual
O jeitinho brasileiro: lidar com os desafios cotidianos de forma criativa e providencial.
Estereótipos:
Os estereótipos são generalizações sobre um grupo de pessoas que podem ou não se basear em fatos e, geralmente, desconsideram as reais e mais profundas diferenças.
Exemplos. Os estadunidenses são…
- Controvertidos e agressivos se comparados aos japoneses, que tendem a ser reservados e humildes.
- Amantes individualistas da liberdade pessoal se comparados aos chineses, que tendem a agir em grupo.
- Informais e não-hierárquicos se comparados aos indianos, que cultivam o respeito aos títulos.
- Empreendedores e propensos ao risco se comparados aos árabes, que tendem a ser conservadores e empregar métodos consagrados para obter resultados.
- Diretos e interessados no retorno imediato se comparados aos latino-americanos, que geralmente dedicam tempo para socializar com seus parceiros de negócios e conhecê-los melhor.
Expressões idiomáticas:
Uma expressão idiomática é aquela cujo significado simbólico difere do literal. Trata-se de uma frase que não pode ser compreendida apenas conhecendo o significado de cada palavra.
Expressões idiomáticas que simbolizam valores culturais:
País | Expressão | Valor subjacente |
Japão | O prego que se sobressai é martelado. | Espírito de grupo |
Austrália | O caule mais alto é cortado. | Igualdade de direitos |
Coreia | Ao morrer, um tigre deixa sua pele, e um homem deixa o seu nome. | Honra |
Turquia | O aço trabalhado não enferruja. | Trabalho árduo |
Estados Unidos | A necessidade é a mãe da invenção. | Habilidade |
Tailândia | Se você seguir os mais velhos, não será mordido pelos cachorros. | Sabedoria |
As línguas mais comuns do mundo:
Classificação | Línguas | Número aproximado de falantes (em milhões) | Países com substancial número de falantes nativos |
1 | Chinês Mandarim | 874 | China, Cingapura |
2 | Hindi | 365 | Índia |
3 | Inglês | 341 | Estados Unidos, Reino Unido |
4 | Espanhol | 322 | Argentina, México, Espanha |
5 | Bengali | 207 | Bangladesh, Índia |
6 | Árabe | 198 | Argélia, Egito, Arábia Saudita |
7 | Português | 176 | Brasil, Portugal |
8 | Russo | 167 | Rússia, Ucrânia |
9 | Japonês | 125 | Japão |
10 | Alemão | 100 | Alemanha, Áustria |
11 | Coreano | 78 | Coreia do Sul, Coreia do Norte |
12 | Francês | 77 | França, Bélgica |
13 | Turco | 75 | Turquia, Ásia Central, Leste Europeu |
As religiões mais praticadas no mundo, em número de fieis:
Cristianismo: 2,1 bilhões
Islamismo: 1,3 bilhão
Hinduísmo: 900 milhões
Budismo: 376 milhões
Judaísmo: 14 bilhões
Xintoísmo: 4 milhões
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